ESTE ARTIGO FAZ UMA LEITURA ACERCA DA SITUAÇÃO DOS DESLOCADOS PELOS SISTEMAS HEGEMÔNICOS EM A COSTA DOS MURMÚRIOS E O VENTO ASSOBIANDO NAS GRUAS DA ESCRITORA PORTUGUESA LÍDIA JORGE. APESAR DE SE PASSAREM UM NA ÁFRICA E OUTRO EM PORTUGAL, OS DOIS ROMANCES APRESENTAM CONFLITOS COM DESLOCAMENTOS DE SERES QUE ENFRENTARAM INVASÕES E GUERRAS. ESTE TRABALHO FOCA NA COLONIZAÇÃO DE NAÇÕES AFRICANAS, QUE MOBILIZARAM, PRIMEIRO, COLONOS COM O PROPÓSITO DE OCUPAR TERRITÓRIOS PARA SUA EXPLORAÇÃO E, LOGO, MILITARES E SUAS FAMÍLIAS PARA APOIAR ESSA OCUPAÇÃO. POSTERIORMENTE, COM A DECLARAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DOS PAÍSES AFRICANOS, APARECERÁ UM NOVO TIPO DE DIÁSPORA: A DOS EMIGRANTES. ALÉM DISSO, DISCUTE COMO A COLONIZAÇÃO DAS NAÇÕES AFRICANAS, JUNTAMENTE COM O DOMÍNIO DOS SEUS POVOS E A GESTÃO DO QUE ERA PRODUZIDO COM AS MATÉRIAS-PRIMAS EXPLORADAS, NÃO FOI SUFICIENTE PARA TORNAR PORTUGAL UM DOS PAÍSES RICOS DA EUROPA. DESSA SITUAÇÃO FRUSTRANTE, NOVAS MOBILIZAÇÕES EMERGIRIAM. A NOSSA HIPÓTESE PARTE DA CONVICÇÃO DE QUE A OBRA DA ESCRITORA LÍDIA JORGE SE CONCENTRA, MUITO PARTICULARMENTE, NA FICCIONALIZAÇÃO DE PROBLEMÁTICAS LIGADAS AOS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS PORTUGUESES E AFRICANOS DURANTE A (PÓS)COLONIZAÇÃO DA ÁFRICA. SE TAIS NÚCLEOS TEMÁTICOS FOREM ABORDADOS DE UMA PERSPECTIVA COMPARATISTA, SERÁ POSSÍVEL RECONHECER EM SUA NARRATIVA NÃO APENAS UM OLHAR SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE TIPOS HUMANOS POSTOS EM CONTATO E DEFINIDOS ATRAVÉS DE UMA VINCULAÇÃO QUE PARTE DO COLONIAL (HOMENS E MULHERES; MILITARES E COLONIZADOS, ENTRE OUTROS); MAS TAMBÉM, DE PROBLEMÁTICAS OCASIONADAS PELO DESLOCAMENTO GEOGRÁFICO QUE A SITUAÇÃO COLONIAL PRODUZIU, PARTICULARMENTE A DOS RETORNADOS E/OU REFUGIADOS NA METRÓPOLE. COM BASE NOS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DE CRÍTICOS DO (PÓS)COLONIALISMO COMO STUART HALL, FRANTZ FANON, EDUARDO LOURENÇO E MARGARIDA RIBEIRO, ENTRE OUTROS, ANALISA-SE COMO É A REPRESENTAÇÃO DOS DESLOCADOS.