O CÂNONE DE DIFERENTES ÉPOCAS OCUPA UM ESPAÇO SIGNIFICATIVO N’O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS (1984), DE JOSÉ SARAMAGO, UM TIPO DE DIÁLOGO JÁ BASTANTE ESTUDADO, MAS O TRABALHO DE RECONSTITUIÇÃO DE UM PERÍODO ESPECÍFICO QUE ESSE ROMANCE SE PROPÕE A FAZER REQUER QUE SE FALE TAMBÉM DE NOMES QUE NÃO CHEGARAM A SER GRAVADOS EM PEDRA. EM SARAMAGO, A RECRIAÇÃO FICCIONAL DE OUTRO TEMPO PASSA PELA RECUPERAÇÃO DAQUILO QUE, NAQUELE MOMENTO, FOI IMPORTANTE, POR MENOR QUE SEJA O IMPACTO DESSA PRODUÇÃO NAS ÉPOCAS SEGUINTES, E NESSE CONTEXTO VÃO SURGIR FIGURAS E OBRAS QUE HOJE SE ENCONTRAM MAIS OU MENOS ESQUECIDAS NA MEMÓRIA COLETIVA E SEUS ANAIS. O ROMANCE RECUPERA, POR EXEMPLO, UM TIPO DE CRIAÇÃO QUE É PARADIGMÁTICA DAQUILO QUE SE PRODUZIU NÃO APENAS DURANTE O ESTADO NOVO PORTUGUÊS, MAS POR TODA A EUROPA E ALÉM-MAR, E QUE PELA SUA RELATIVA UNIFORMIDADE SE CONSTITUIU COMO UM GÊNERO NARRATIVO, O DA PROPAGANDA. ESTE TRABALHO VISA, PORTANTO, ANALISAR UMA DAS NARRATIVAS DE PROPAGANDA CITADAS E RECRIADAS POR SARAMAGO: A NOVELA CONSPIRAÇÃO (1936), DE TOMÉ VIEIRA, QUE EXERCE UMA FUNÇÃO IMPORTANTE NA HISTÓRIA, CONTRIBUINDO PARA APRESENTAR O DISCURSO POLÍTICO QUE VIGORAVA NO TEMPO E NO PORTUGAL EM QUE RICARDO REIS É SITUADO. COM O AUXÍLIO DOS CONCEITOS DE INTERTEXTUALIDADE E INTERMIDIALIDADE, E RECORRENDO-SE TANTO AOS MATERIAIS PREPARATÓRIOS DA OBRA QUANTO AOS ORIGINAIS RESGATADOS POR SARAMAGO, BUSCAR-SE-Á MOSTRAR QUE A CONSPIRAÇÃO PRESENTE N’O ANO, REENCENADA, COMENTADA E MODIFICADA, CONTRIBUI PARA A SUA ESTRUTURA NARRATIVA LABIRÍNTICA EM MISE EN ABYME, COMO UMA VERSÃO EM ESCALA REDUZIDA E ROMANTIZADA DO MUNDO QUE RICARDO REIS É OBRIGADO A CONFRONTAR.