A LEITURA LITERÁRIA ABRE UM LEQUE PARA CONSTRUÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE SENTIDOS DO TEXTO APREENDIDOS PELO LEITOR. ADEMAIS, A COMPREENSÃO DO TEXTO LITERÁRIO É UMA EXPERIÊNCIA DE FRUIÇÃO DE SENTIDO PERMEADO PELAS VARIANTES DE IMAGEM, TEMPO, ESPAÇOS E ESTÉTICA. ESTA PROPOSTA QUE AQUI APRESENTO, BUSCA ELABORAR UMA ANÁLISE FENOMENOLÓGICA, ANTROPOLÓGICA, E LITERÁRIA DO CONTO DE VERGÍLIO FERREIRA “HAVIA SOL NA PRAÇA”. NESTE CONTO, VERGÍLIO APRESENTA-NOS A SAGA DE UM HOMEM SOLITÁRIO, MISERÁVEL E PERVERSAMENTE EXCLUÍDO DE QUALQUER RECONHECIMENTO. ESTE CONTO REMETE-NOS PARA UMA CAMINHADA PORMENORIZADA DA EXISTÊNCIA DA EXCLUSÃO NO COTIDIANO DO PERSONAGEM PRINCIPAL. O FADISTA VIVE EM UMA CARANGUEJOLA COM SEU CACHORRO, O BURRO E CENTENAS DE PIOLHOS. ELE SUJEITA- SE AOS OLHARES DE DESDÉM DA POPULAÇÃO. VIVE E SOFRE OS PERCALÇOS DE UMA EXISTÊNCIA MEDÍOCRE E ANGUSTIANTE, NAS ZONAS ABISSAIS DA EXCLUSÃO. NÃO TENDO O QUE FAZER O FADISTA BUSCA AQUECER SEU MUNDO DE SENTIDO AO SOL DA PRAÇA. PORÉM, ISTO É UM ABSURDO. A SUA EXISTÊNCIA É BANALIZADA, SUA VADIAGEM É RIDICULARIZADA. ESSE SER SUJO, QUIÇÁ ABJETO, QUE VIVE DE TRANSGREDIR AS REGRAS E COSTUMES, DEVE SER TRANCADO. NO QUE TANGE ÀS ORDENS E HIERARQUIAS MUNDANAS, A VIDA DO PERSONAGEM É UMA ESPÉCIE DE DESARRANJO. A SUA MATERIALIDADE CORPÓREA CAUSA REPUGNÂNCIA. A TRAMA DA NARRATIVA AJUDA-NOS A CONSTRUIR UM OLHAR DO RECONHECIMENTO DA ALTERIDADE DO PERSONAGEM NO COTIDIANO DE DESIGUALDADE. É NOTÓRIO APONTAR QUE, NA PERSPECTIVA ANTROPOLÓGICA, ESTA EXPERIÊNCIA LITERÁRIA FOI TRANSFORMADA NUM EXERCÍCIO PROFÍCUO PARA COMPREENSÃO DE COMO OCORRE A INVISIBILIDADE DO HOMEM MODERNO NOS PROCESSOS DE ZONAS ABISSAIS.