AS OBRAS POÉTICAS DE ADÍLIA LOPES E ANGÉLICA FREITAS POSSUEM PONTOS DE CONFLUÊNCIA AO PASSO QUE TRAZEM A REPRESENTAÇÃO DO FEMININO E SEU DOMÍNIO ÍNTIMO, ESTRUTURADAS COM UMA INTERLOCUÇÃO COM A TRADIÇÃO E ENUNCIADAS POR TEXTOS QUE MISTURAM PROSA E POESIA. APESAR DAS DIFERENÇAS CULTURAIS E DA DISTÂNCIA TERRITORIAL QUE SEPARA AS AUTORAS, AMBAS DESAFIAM A LEITURA DO TEXTO CANÔNICO, COM UMA POÉTICA QUE SATIRIZA E DIALOGA COM A TRADIÇÃO LITERÁRIA DE MANEIRA A DESLOCAR O FEMININO PARA UM LUGAR DE PODER. PARA A ANÁLISE DESSES TEXTOS, UTILIZAREMOS A NOÇÃO DE DESLOCAMENTO PROPOSTA POR ROLAND BARTHES, NO SENTIDO DE TRANSPORTA-SE PARA O INESPERADO, E DE PERFORMANCE PROPOSTA POR PAUL ZUMTHOR, PARA QUEM O POÉTICO NECESSITA DE UMA PRESENÇA ATIVA DO CORPO PARA GERAR EFEITO. FAREMOS UM ESTUDO SOBRE COMO SE DÁ A PERFORMATIVIDADE NOS TEXTOS POÉTICOS DAS DUAS AUTORAS E OS REFLEXOS DA REPERCUSSÃO DESSA CARACTERÍSTICA NOS DEBATES ATUAIS SOBRE GÊNERO. VEREMOS, PORTANTO, COMO ALGUNS POEMAS CONFIGURAM-SE COMO UM LUGAR ONDE HÁ A DRAMATIZAÇÃO DO FEMININO E ONDE SE PROBLEMATIZA A SUA DIVERSIDADE, A PARTIR DA INTIMIDADE E DO DESLOCAMENTO OPERADO POR UMA FORMA QUE PRESENTIFICA O CORPO, OU SEJA, O CARÁTER PERFORMÁTICO DOS TEXTOS DE ADÍLIA LOPES E DE ANGÉLICA FREITAS CONSTITUEM DESVIOS EM RELAÇÃO À ESCRITA FEMININA ATRELADA A UMA HERANÇA QUE ASSOCIA O FEMININO AO QUE É AFÁVEL, RESIGNADO, PONDERADO E ANGELICAL.