: ESTE ARTIGO VERSA SOBRE O POEMA “UMA VEZ”, DE VIRGÍNIA VICTORINO, DA OBRA NAMORADOS (1920) E O POEMA “A OUTRA”, DE JUDITH TEIXEIRA, INTEGRANTE DA OBRA DECADÊNCIA (1923). O PRIMEIRO APRESENTA UMA VOZ LÍRICA QUE SE MOSTRA CONFORME AOS DITAMES DA SOCIEDADE QUANTO AO AMOR DA MULHER. JÁ O SEGUNDO, TRAZ UMA VOZ LÍRICA MARCADA PELA INSUBMISSÃO AOS MOLDES ESTABELECIDOS PELA CONSERVADORA SOCIEDADE PORTUGUESA DE ENTÃO. POR UM LADO, JUDITH TEIXEIRA DENUNCIA, POR MEIO DA INSCRIÇÃO DO DESEJO ERÓTICO EM SUA ESCRITA, OS ARQUÉTIPOS FEMININOS CONSTRUÍDOS, QUE, COM UMA FORMA PROVOCATIVA, ENFRENTOU O STATUS QUO DA LITERATURA PORTUGUESA E TROUXE A SEU TEXTO O CORPO FEMININO QUE DESEJA NUM MOMENTO DE CONSERVADORISMO DA HISTÓRIA DE PORTUGAL. POR OUTRO, VIRGÍNIA VITORINO ADEQUA-SE A ELES E OS ENFATIZA POR MEIO DE UMA ATITUDE DE AMOROSA SUBSERVIÊNCIA, NO MODELO FEMININO “CONSTITUCIONAL”, COM UMA POESIA “BEM-COMPORTADA”, FIEL ÀS TRADIÇÕES DE UMA ÉPOCA, QUE DÁ A CONHECER UM SUJEITO FEMININO PREOCUPADO COM CONVENÇÕES IMPOSTAS À MULHER. TRATA-SE DE DUAS POÉTICAS DO INÍCIO DO SÉCULO XX QUE, EMBORA TEMPORALMENTE PRÓXIMAS, DISTANCIAM-SE PELO POSICIONAMENTO DAS VOZES LÍRICAS: UMA QUE GRITA SEU DESEJO INDOMÁVEL PELA SOCIEDADE, OUTRA QUE SUSSURRA SEU AMOR BEM-COMPORTADO. PARA UMA MELHOR LEITURA DESTE ARTIGO, USAREMOS TEXTOS TEÓRICOS DE CHATARINA EDFELDT (2006), SUELEI M. GIAVARA (2015), LÚCIA O. ZOLIN (2009) E JUDITH BUTTER (2003).