ESTA COMUNICAÇÃO TEM POR OBJETIVO ANALISAR A ESCRITA AUTODIEGÉTICA QUE JOSÉ CARDOSO PIRES IMPÕE AO TEXTO DE ALEXANDRA ALPHA (1987), SOB A MARCA DA PRIMEIRA PESSOA DO PLURAL, NA NARRATIVA DA REVOLUÇÃO DOS CRAVOS, INDAGANDO SE ESTA É A FORMA UTILIZADA PELO AUTOR PARA, LITERARIAMENTE, PROMOVER A SUPERAÇÃO DO RETRÓGRADO, EM PORTUGAL, SIMBOLIZADO PELO SALAZARISMO (E TODAS AS SUAS CARACTERÍSTICAS: APELO A UM TRADICIONALISMO PORTUGUÊS, AO RURALISMO, À POBREZA, À MANUTENÇÃO DO COLONIALISMO, ENTRE OUTRAS), COMO REGIME POLÍTICO TOTALITÁRIO E PELO TEXTO HETERODIEGÉTICO, EM TERCEIRA PESSOA DO SINGULAR, DO RESTANTE DO ROMANCE. DENTRO DESTA ESFERA PROCURAR-SE-Á SITUAR O LIVRO DE CARDOSO PIRES COMO SENDO ESTETICAMENTE A EXPRESSÃO AINDA DE VALORES DE UMA MODERNIDADE, EMBORA JÁ TRAGA EM SI ELEMENTOS QUE SUGEREM UMA CONDIÇÃO PÓS-MODERNA. TRABALHANDO COM ESTES DOIS POLOS, SEM CAIR NO DISCURSO DICOTÔMICO, ANALISAREMOS OS ELEMENTOS LITERÁRIOS PRESENTES NA NARRATIVA QUE SUGEREM O PERTENCIMENTO A UM POLO OU OUTRO, COMO, POR EXEMPLO, A PRESENÇA DA IMAGEM COMO ARTIFÍCIO PARA COMPOR E CARACTERIZAR A CENA, O AMBIENTE E AS PERSONAGENS, POVOANDO O TEXTO COM ELEMENTOS QUE SUGEREM UMA ESCRITA SURREALISTA/EXPRESSIONISTA. PARA TANTO, UTILIZAR-SE-Á O PENSAMENTO DE GERARD GENETTE, LINDA HUTCHEON, JEAN-FRANÇOIS LYOTARD, FERNANDO ROSAS, MARIA LÚCIA LEPECKI, PETAR PETROV, SILVIO RENATO JORGE, ENTRE OUTROS.