EM SUA OBRA A CONDIÇÃO HUMANA, HANNAH ARENDT APONTA UM FENÔMENO CARACTERÍSTICO DA MODERNIDADE DESCRITO COMO “ARTIFICIAL CRESCIMENTO DO NATURAL”. NELE, O HOMEM ENQUANTO ANIMAL LABORANS, OU SEJA, AQUELE QUE TRABALHA PARA PROVER SUAS NECESSIDADES, CONTAMINA TODAS AS DEMAIS ATIVIDADES HUMANAS COM AS SUAS CATEGORIAS DE PRODUÇÃO E CONSUMO. COM ISSO, DESENCADEIA-SE TAMANHO PROCESSO DE CONSUMO DOS RECURSOS NATURAIS QUE, HOJE, PARA SUSTENTAR O PADRÃO DE VIDA DE UM CIDADÃO MÉDIO EM UM PAÍS DESENVOLVIDO, SERIAM NECESSÁRIOS TRÊS PLANETAS TERRA. ALÉM DISSO, TAL FENÔMENO NÃO SÓ CRESCEU EM VOLUME, COMO TAMBÉM SE ESPALHOU PARA ÁREAS ATÉ ENTÃO DISTANTES DA IDEIA DE TRABALHO, COMO A ARTE E A LEITURA. JORGE DE SENA TRATA DESTE MESMO FENÔMENO POR OUTROS MEIOS, ESPECIALMENTE ATRAVÉS DA SUA POESIA. NELA, POR VEZES O SUJEITO CIVIL “INVADE” O ESPAÇO POÉTICO PARA LANÇAR LUZ SOBRE ASPECTOS PROSAICOS DA VIDA DE POETA, COMO A FALTA DE DINHEIRO, A NECESSIDADE DE SUSTENTO, A RELAÇÃO ENTRE A “FOME DE ALIMENTO” E A “FOME DE ARTE”, O QUE SE VÊ, POR EXEMPLO, NOS POEMAS “ODE AOS LIVROS QUE NÃO POSSO COMPRAR” E “LAMENTO DE UM PAI DE FAMÍLIA”. O PRESENTE TRABALHO PROCURA MOSTRAR A CONVERGÊNCIA DE PENSAMENTO ENTRE A FILÓSOFA E O POETA SOBRE UM EVENTO DETERMINANTE PARA A CONSTITUIÇÃO DE NOSSA SOCIEDADE ATUAL E DA FORMA COMO LIDAMOS COM A CULTURA. COM ISSO, ESPERA-SE PRODUZIR REFLEXÕES QUE PONHAM EM DIÁLOGO OS CAMPOS FILOSÓFICO E LITERÁRIO, DE MODO A COMPREENDER AS APROXIMAÇÕES ENTRE ESSAS LINGUAGENS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O PENSAMENTO CONTEMPORÂNEO.