ESTA APRESENTAÇÃO ABORDARÁ A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA NO DIÁRIO DA PESTE, DE GONÇALO TAVARES, OBRA PUBLICADA VIRTUALMENTE AO LONGO DE NOVENTA DIAS CONSECUTIVOS – DE MARÇO A JUNHO DE 2020 – E IMPRESSA EM 2021 SOB O TÍTULO DIÁRIO DA PESTE – O ANO DE 2020. ESCRITO DURANTE O ISOLAMENTO EM FUNÇÃO DA PANDEMIA DE 2020, O DIÁRIO DA PESTE REGISTRA NÃO APENAS OS DIAS, MAS CONSIGNA, SIMULTANEAMENTE, PENSAMENTOS SOBRE A OBRA, SOBRE OS ACONTECIMENTOS E SOBRE A VIDA DAQUELE QUE ESCREVE. COM AS PARTICULARIDADES DA VIRTUALIDADE, BUSCAREMOS MOSTRAR COMO ESSE DIÁRIO, IMPULSIONADO POR UM ACONTECIMENTO MUNDIAL, OPERA COMO UMA ESPÉCIE DE ARQUIVO, DE MEMÓRIA DO MUNDO, NÃO SE RESTRINGINDO AO COTIDIANO DE GONÇALO TAVARES – COMO A UTILIZAÇÃO DA PALAVRA “DIÁRIO” TALVEZ LEVE A CRER. A PARTIR DE ASPECTOS RELACIONADOS À MEMÓRIA, AO DOCUMENTO E À VIVÊNCIA DAQUELE MOMENTO, PRETENDE-SE APRESENTAR O MODO COMO ELES APARECEM E SÃO ARTICULADOS NOS TEXTOS DO DIÁRIO DA PESTE, PARA ENTÃO APROXIMÁ-LOS DA TEORIA DO ARQUIVO DE JACQUES DERRIDA, PRESENTE EM MAL DE ARQUIVO: UMA IMPRESSÃO FREUDIANA, E DAQUILO QUE HERBERTO HELDER, EM PHOTOMATON E VOX, NOMEIA “INVENÇÃO VIVA”. TAL APROXIMAÇÃO VISA A ESTABELECER UMA LIGAÇÃO ENTRE OS PROCESSOS DE CRIAÇÃO E ARQUIVAMENTO DIGITAL DO DIÁRIO DA PESTE COMO FATORES SIGNIFICATIVOS PARA A PRODUÇÃO LITERÁRIA.