SÃO INÚMEROS OS TRABALHOS QUE IDENTIFICAM NA ESCRITA DE MARIA GABRIELA LLANSOL (1931-2008) ELEMENTOS QUE RESSALTAM A FUGA DA IMPOSTURA DA LÍNGUA PROPOSTA PELA AUTORA E QUESTIONAM OS LIMITES DO LITERÁRIO, ATENTOS, PRINCIPALMENTE, ÀS CONSTRUÇÕES METALINGUÍSTICAS AFIRMATIVAS DE UMA OUTRA POSTURA EM RELAÇÃO À EXPERIÊNCIA LITERÁRIA. ESTA COMUNICAÇÃO, POR SUA VEZ, PROPÕE UMA REFLEXÃO SOBRE A POTÊNCIA DO NÃO: NEGAÇÃO COMO ELEMENTO ESTRATÉGICO NA (DES)CONSTRUÇÃO DO TEXTO E DO PARADIGMA DOS GÊNEROS EM SUA ESCRITA. TANTO EM SUAS VARIADAS ENTREVISTAS (2011) QUANTO NOS LIVROS QUE COMPÕEM SEU PROJETO LITERÁRIO - COMO O “LIVRO DE FRAGMENTOS” QUE É ONDE VAIS, DRAMA-POESIA? (2000), SEGUNDO LLANSOL (2014) EM REGISTROS DE SEU ESPÓLIO - A AUTORA IMPRIME UMA CONTESTAÇÃO QUE REVERBERA EM DESESTABILIZAÇÃO DA PRÓPRIA ESTRUTURA DO TEXTO, DO LEITOR E DA LEITURA (TRANSFIGURADOS EM LEGENTE E LEGÊNCIA). DESSE MODO, A FUGA DA NORMA PRODUZ A FUGA DA FORMA; E O TEXTO A QUE TEMOS ACESSO PODE SER UMA PAISAGEM REPLETA DE PLURALIDADES E DISSONÂNCIAS. UM TEXTO QUE, EMBORA CONSTITUÍDO DE INCONTÁVEIS PRESENTES, SE LANÇA AO DEVIR DE UMA CERTA FUTURAÇÃO COMO A PRÓPRIA CATEGORIA DAS “FIGURAS” NA AUTORA, “PORQUE TODOS OS SEUS LEGENTES O ASCENDEM” (2003). PARA QUE OS LEGENTES ASCENDAM ESSE TEXTO, TORNA-SE NECESSÁRIO ULTRAPASSAR A PARADA OU RUPTURA CAUSADA PELA NEGAÇÃO, O QUE, COMO POSTULAVAM OS SOFISTAS, TEM A VER COM O “ATRAVESSAR AS PALAVRAS” DE QUE TRATA PAUL ZUMTHOR (2018) E ESTAR EM UM CORPO A CORPO COM A LINGUAGEM. PENSAMOS, DESSARTE, QUE O ATO DE NEGAR NÃO PARALISA; PELO CONTRÁRIO, PODE SER UM MOTIVO PARA FAZER ALGO, NAS PALAVRAS DE WITTGENSTEIN (2017). E, NO JOGO COM A CONSTRUÇÃO IMAGÉTICO-TEXTUAL E ACIONAL, PODEMOS OBSERVAR NA ESCREVENTE UMA POSTURA “QUE SE ORIENTA PELA QUEBRA DE FRONTEIRAS”, SENDO, COMO DENOMINA MARIA ETELVINA SANTOS (2014), “DE CONFRONTO/ADEQUAÇÃO”.