A ESCRITORA PORTUGUESA ANA LUÍSA AMARAL SE IDENTIFICA COMO POETISA, CONTUDO, AO TRAZER “ARA” (2014) AO MUNDO, MOSTRA SEU LADO – ATÉ ENTÃO OCULTO - COMO ROMANCISTA. DESSA VERSATILIDADE, NASCE A OBRA QUE MISTURA DE MODO PLENO O ROMANCE COM A POESIA, FAZENDO COM QUE ESSE LIVRO NÃO POSSA TER APENAS UMA CLASSIFICAÇÃO NA LITERATURA. TODAVIA, ENQUANTO HÁ ESSA FUSÃO DE GÊNEROS NA ESCRITA, DENTRO DA NARRATIVA, NÃO SE PODE PONTUAR O MESMO SOBRE A COMBINAÇÃO ENTRE O QUERER E O PODER DO DESEJO FEMININO. “ARA” DISCORRE SOBRE O SENTIMENTO SECRETO DE DUAS MULHERES CASADAS COM HOMENS QUE SE ENVOLVEM DE FORMA PROIBIDA DURANTE UMA VIAGEM AO QUE ELAS CHAMAM DE TERCEIRO PAÍS. APESAR DE CADA UMA TER UMA ORIGEM E UM IDIOMA DIFERENTE, É ATRAVÉS DO QUERER QUE ELAS DIALOGAM E DESENVOLVEM SEU AFETO UMA PELA OUTRA, DESCOBRINDO O DESEJO FEMININO E O AMOR SÁFICO HISTORICAMENTE SILENCIADOS PELA SOCIEDADE. AO LONGO DO TEXTO, ANA LUÍSA AMARAL PONTUA DE MODO PERTINENTE QUE, APESAR DA EXISTÊNCIA DESSE QUERER, HÁ UMA BARREIRA TAMBÉM IMPOSTA PELO MUNDO QUE DELIMITA QUAL É A CONDIÇÃO E O ESPAÇO QUE DEVEM SER OCUPADOS PELA MULHER. COM ISSO, ESTE TRABALHO VISA REFLETIR COMO A LESBOFOBIA E O MACHISMO PRESENTES NA SOCIEDADE PERPETUAM O APAGAMENTO DO DESEJO FEMININO E A NÃO PRÁTICA DO QUERER DAS PERSONAGENS EM “ARA”.