TOMANDO-SE COMO BASE O POEMA INTITULADO “ANIVERSÁRIO”, DE ÁLVARO DE CAMPOS, HETERÔNIMO DO POETA PORTUGUÊS FERNANDO PESSOA, BUSCOU-SE TRAZER À LUZ ALGUNS ASPECTOS DA TEORIA DA MEMÓRIA COLETIVA, OU MEMÓRIA SOCIAL, DE MAURICE HALBWACHS, SOCIÓLOGO FRANCÊS DA ESCOLA DURKHEIMIANA. NESSA PERSPECTIVA, A ANÁLISE DO REFERIDO POEMA PAUTOU-SE NÃO APENAS NOS SEUS ASPECTOS LINGUÍSTICOS, MAS TAMBÉM SERVIU DE BASE PARA TRAZER À BAILA CATEGORIAS CARAS À TEORIA HALBWACHIANA DA MEMÓRIA, SEGUNDO A QUAL ESTA É RELACIONAL, CONSTRUÍDA NAS RELAÇÕES SOCIAIS, AFINAL É NA SOCIEDADE QUE O HOMEM ADQUIRE SUAS MEMÓRIAS, EVOCA-AS, RECONHECE-AS E AS LOCALIZA. NESSE ÍNTERIM, ESTABELECE-SE UMA DISTINÇÃO ENTRE A TEORIA DO REFERIDO SOCIÓLOGO E A DO FILÓSOFO FRANCÊS HENRI-LOUIS BERGSON, QUE TRATA DA SUBJETIVIDADE DA MEMÓRIA A PARTIR DA METÁFORA DE UM CONE INVERTIDO EM CUJA BASE O PASSADO SE CONSERVA, A MEMÓRIA PURA, ONDE SE ENCONTRAM AS IMAGENS APREENDIDAS NO CURSO DA VIDA DO INDIVÍDUO. PORTANTO, A PARTIR DESSE CONTRAPONTO, BUSCA-SE EXPLICITAR, PARTINDO, EVIDENTEMENTE, DO POEMA DO HETERÔNIMO DE PESSOA SUPRACITADO, QUE, PARA HALBWACHS, NÃO É POSSÍVEL CONCEBER A MEMÓRIA FORA DOS GRUPOS QUE COMPÕEM A SOCIEDADE, POSTO QUE ELA NÃO SE ESTRUTURA FORA DOS MARCOS OU QUADROS SOCIAIS QUE A ANTECEDEM.