O PRESENTE ARTIGO DEFINE-SE COMO UMA REFLEXÃO SOBRE A IDENTIDADE PORTUGUESA NA VIRAGEM DO MILÊNIO. ESPECIFICAMENTE, FOCA-SE NA PRESENÇA DO PRECONCEITO EXISTENTE CONTRA OS IMIGRANTES QUE PROCEDEM DAS ANTIGAS COLÔNIAS PORTUGUESAS EM ÁFRICA, NO ROMANCE COMBATEREMOS A SOMBRA, DE LÍDIA JORGE. O TRÁFICO E A EXPLORAÇÃO DE PESSOAS SÃO VESTÍGIOS DESSA MEMÓRIA COLETIVA, QUE AINDA REVERBERA NAS VOZES DOS PERSONAGENS, EM PLENA VIRADA DO MILÊNIO. SEM CONDIÇÕES DE REIVINDICAREM SEUS DIREITOS, OS IMIGRANTES SEGUEM MARGINALIZADOS DURANTE TODA A NARRATIVA. APENAS O PROTAGONISTA OSVALDO CAMPOS, PSICANALISTA, TENTA INTERROMPER ESSE CICLO AO DENUNCIAR A ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA QUE ALICIAVA IMIGRANTES, ÀS AUTORIDADES. EM DADOS MOMENTOS, A MUSICALIDADE DESEMPENHA IMPORTANTE PAPEL NA EVOCAÇÃO E NA CONSOLIDAÇÃO DAS MEMÓRIAS, BEM COMO DESPERTA EMOÇÕES, QUE PODEM SER OBSERVÁVEIS FISICAMENTE. NESTA NARRATIVA, A PERSONAGEM ROSSIANA DE JESUS TEM SUAS LEMBRANÇAS AFLORADAS AO OUVIR DETERMINADAS CANÇÕES QUE ERAM ENTOADAS PELA MÃE, DURANTE A SUA INFÂNCIA. AS LEMBRANÇAS DE UM PASSADO DOLOROSO TAMBÉM SÃO EVOCADAS POR GISELA BAPTISTA, NO ROMANCE A NOITE DAS MULHERES CANTORAS, DE JORGE. MESMO APÓS A PASSAGEM DO TEMPO, É POSSÍVEL TRAZER À TONA AS MEMÓRIAS PESSOAIS. É DENTRO DESSE CONTEXTO QUE SÃO IDENTIFICADOS OS TIPOS DE MEMÓRIAS DOS PERSONAGENS E AS FORMAS DE CONSOLIDAÇÃO DAS LEMBRANÇAS, BEM COMO AS POSSÍVEIS CAUSAS DO ESQUECIMENTO. POR ESSE VIÉS, PERCORRE-SE OS LABIRINTOS DA MEMÓRIA A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA MULTIDISCIPLINAR, QUE ENVOLVE ESTUDIOSOS DE DIVERSAS ÁREAS, COMO IVÁN IZQUIERDO (2011), DA NEUROCIÊNCIA E, DENTRO DA PSICOLOGIA COGNITIVA, ALLAN BADELLEY (2011) E SEUS COLABORADORES PESQUISAM SOBRE A FORMAÇÃO DA MEMÓRIA. DESSA FORMA, AS LEMBRANÇAS INDIVIDUAIS VÊM À TONA, ENTRELAÇAM-SE E TENTAM COMPREENDER, À MEDIDA DO POSSÍVEL, A ORIGEM E AS RAZÕES DO PRECONCEITO RACIAL ENTRE OS LUSITANOS.