O AUTOR JOSÉ LUÍS PEIXOTO ENCONTROU NA ESCRITA A FORÇA QUE PRECISAVA PARA ENFRENTAR A PERDA DO PAI, COM QUEM TINHA UMA RELAÇÃO MUITO PRÓXIMA. EM MORRESTE-ME (2015), JOSÉ PEIXOTO REVISITA SUA ANTIGA CASA E DEIXA AS RECORDAÇÕES TOMAREM A SUA MENTE. NO ENTANTO, A SENSAÇÃO DE INCAPACIDADE DE OCUPAR O LUGAR DEIXADO PELO GENITOR O ASSOLA E ELE SE PERCEBE ESTÁTICO E VAZIO. ALGO SEMELHANTE ACONTECE EM “A TERCEIRA MARGEM DO RIO” DE JOÃO GUIMARÃES ROSA (2019). APÓS UMA DECISÃO INESPERADA, O PAI DO NARRADOR PASSA A MORAR EM UMA CANOA NA BEIRA DO RIO, ISOLADO. PORÉM, SEU FILHO NÃO CONSEGUE SUPERAR ESSA AUSÊNCIA E CONTINUA NA MESMA CASA POR ANOS A FIO, AINDA ATORMENTADO PELAS LEMBRANÇAS DO PAI. DESSE MODO, PODEMOS OBSERVAR ASPECTOS SEMELHANTES NAS OBRAS, ESPECIALMENTE PELO FATO DE QUE AS PERSONAGENS SENTEM-SE PRESAS À FIGURA DO PAI, DIVIDIDAS ENTRE O AMOR E O RESSENTIMENTO, O MEDO E A REVERÊNCIA. SENDO ASSIM, ESSE TRABALHO TEM COMO OBJETIVO ANALISAR A REPERCUSSÃO DA AUSÊNCIA DO PAI, BEM COMO A CONSTRUÇÃO DA FIGURA PATERNA ATRAVÉS DA ESCRITA DE MEMÓRIAS DAS PERSONAGENS. PARA ISSO, RECORREREMOS AOS ESTUDOS DE RICARDO PIGLIA (1991); GIORGIO AGAMBEN (2007); PHILIPPE LEJEUNE (2008) E LEONOR ARFUCH (2010).