A LITERATURA TEM A FASCINANTE CAPACIDADE DE CRIAR SITUAÇÕES EXTREMAS PARA FORÇAR O LEITOR A PONDERAR SOBRE A REALIDADE QUE O CERCA. MAIS DO QUE ENTRETER, HÁ NA LITERATURA UMA VOCAÇÃO PARA PROVOCAR A REFLEXÃO DO LEITOR. DIANTE DISSO, O PRESENTE TRABALHO BUSCA ANALISAR A OBRA ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA, DO ESCRITOR PORTUGUÊS JOSÉ SARAMAGO. A ESCOLHA DO AUTOR JUSTIFICA-SE PELO FATO DELA RETRATAR A CONDIÇÃO DO SER HUMANO SOB UMA ÓTICA DE UMA SOCIEDADE AUTORITÁRIA, EM QUE A OPINIÃO, POSIÇÃO E A VERGONHA DO OUTRO JÁ NÃO INTERESSA MAIS. OS VALORES E COSTUMES MUDARAM, O INDIVÍDUO AGORA É OUTRO, E TUDO ISSO PRECISA SER ASSIMILADO PARA QUE UMA NOVA SOCIEDADE POSSA SURGIR. PARA ISSO, ESSE TRABALHO ANALISA A OBRA SOBRE DUAS PERSPECTIVAS: O PAPEL DO INDIVÍDUO NA NOVA CONDIÇÃO SURGIDA E A SUA RELAÇÃO COM O “OUTRO”, À LUZ DO CONCEITO DE DIALOGISMO PROPOSTA POR BAKHTIN; E AS CRÍTICAS QUE O AUTOR FAZ À SOCIEDADE ATUAL, QUESTIONANDO OS VALORES POR ELA PRIORIZADOS E OS QUE PASSAM A SER PRIORIZADOS A PARTIR DA FORMAÇÃO DA NOVA SOCIEDADE. A ANÁLISE FUNDAMENTOU-SE NAS TEORIAS DE M. BAKHTIN (1988), FIORIN (2017), CONRADO (2006 E 2011) E DE KUNZ, CONTE E BOTTON (2013), CANDIDO (1995), (1989) E ENTRE OUTROS. COMO CONCLUSÃO, PERCEBE-SE QUE A NARRATIVA FAZ O AUTOR E LEITOR REFLETIREM SOBRE A SUA RELAÇÃO COM O OUTRO E PONDERAR SOBRE OS RUMOS DA SOCIEDADE ATUAL E DOS VALORES SOCIAIS QUE SÃO POR ELA ESTIMADOS.