NESTA COMUNICAÇÃO, A PARTIR DE UM DEBATE COM A FORTUNA CRÍTICA DA OBRA DO JESUÍTA PORTUGUÊS, ANTÔNIO VIEIRA (1608-1697), PRETENDE-SE REFLETIR ACERCA DA NATUREZA TEATRAL DO “SERMÃO PELO BOM SUCESSO DAS ARMAS DE PORTUGAL CONTRA AS DE HOLANDA” (1640) À LUZ DAS CATEGORIAS DE TEMPO DA ACTIO E DE IMAGEM DA HISTÓRIA DESEMPENHADAS NA PREGAÇÃO. ESPECIFICAMENTE, SERÃO ENFOCADOS TRÊS EIXOS NOS QUAIS O ORADOR PORTUGUÊS APOIA-SE PARA MOVER A SENSIBILIDADE DO DEUS ANTROPOMORFIZADO E, POR ISSO MESMO, FEITO DE PÁTHOS: O LUGAR DE PORTUGAL COMO POTÊNCIA DIFUSORA DA FÉ CATÓLICA; A ENGENHOSIDADE RETÓRICA DE QUEM FALA, ACOMODANDO O DISCURSO À SITUAÇÃO DO TEMPO HISTÓRICO DA GUERRA TRAVADA ENTRE HOLANDESES E PORTUGUESES, ISTO É, UM TEMPO DE CONFLITOS TIMBRADOS COM O SINAL DAS DISPUTAS ENTRE CATÓLICOS E PROTESTANTES; E A DRAMATIZAÇÃO PRESENTE NA PRONUNCIAÇÃO, QUE FAZ DO SERMÃO UMA ESPÉCIE DE “DRAMA DA GUERRA”, UMA TEATRALIZAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE SE ENCONTRAVA A COROA PORTUGUESA NO ENFRENTAMENTO COM OS HOLANDESES, ESPETÁCULO ÉPICO QUE, NA VOZ DE VIEIRA, SE CONFIGURARIA, PODE-SE DIZER, NUMA FORMA DE “ARTE DA GUERRA”. POR FIM, SERÁ DEMONSTRADA A BIFOCALIZAÇÃO DO DISCURSO DRAMÁTICO DE VIEIRA COMO FIM ÚLTIMO, QUE SE CONSTITUI, DIALETICAMENTE, DA INTENÇÃO DE INSUFLAR CORAGEM NO CORAÇÃO DOS FIÉIS E, AO MESMO TEMPO, DA TENTATIVA DE MOVER AS PAIXÕES DE DEUS, REPRESENTADO COMO UMA FIGURA A SER PERSUADIDA PARA TOMAR PARTIDO DA CAUSA DE PORTUGAL CONTRA OS INVASORES, SOB O RISCO DE SOFRER CONSEQUÊNCIAS QUE, ENUNCIADAS PELO PREGADOR, PROVOCAM UM EFEITO DE MARAVILHA QUE ENCENA DOIS DISCURSOS QUE SE CRUZAM, CONFERINDO SENTIDO UM AO OUTRO.