Este texto tem como finalidade refletir sobre a presença de professoras em disciplinas técnicas nos cursos técnicos do Instituto Federal de Santa Catarina(IFSC)/Campus Florianópolis a partir da década de 1970. Configura-se como pesquisa qualitativa, um estudo de caso, tendo como campo de pesquisa os cursos de Edificações, Eletrotécnica e Mecânica, por estarem entre os mais antigos da instituição, portanto mais adequados na análise de alterações na constituição do corpo docente, sinalizando a presença ou ausência de professoras. Por meio de pesquisas bibliográfica e documental e entrevistas semiestruturadas com professoras e ex-professoras com formação inicial em engenharia ou arquitetura, pretende-se reconhecer como essas docentes se instrumentalizaram para conviver em um espaço profissional historicamente assinalado pela presença masculina e como se deram seus processos de formação identitária como docentes da Educação Profissional e Tecnológica (EPT). Mediante suas memórias e narrativas intenta-se compreender seu processo de adaptação a novas sociabilidades num contexto de ausência ou escassez de pares femininos para partilhas na prática docente. Com fundamento em autores como Tardif e Lessard (2008 e 2009); Nóvoa (2022); Louro (1997); Alves (2013); e Almeida (2010) pretende-se interpretar o aumento de professoras lecionando disciplinas técnicas e como esse espaço tornou-se atrativo para mulheres. A pesquisa, inconclusa, demonstra crescimento na presença de professoras nas disciplinas técnicas da década de 1970 em diante, caracterizando transformações institucionais, pois as professoras introduziram nesse espaço sua maneira própria de se perceber e estar no mundo, o que compreende sua constituição como docente.