Este trabalho apresenta um relato de experiência de práticas de leitura, produção de textos, literatura de autoria feminina e negra, e o interdiscurso através dos relatos desenvolvidos no Programa Residência Pedagógica – CAPES/UNEAL, subprojeto ler e escrever sem doer: o sabor do texto revelado pela literatura, realizado numa turma de primeira série de Ensino Médio, localizada em São Miguel dos Campos e inscrita na 2ª Gerência Regional de Ensino. Em sala de aula, realizamos leitura e interpretações de trechos de Quarto de Despejo e propomos que os estudantes a partir dessa leitura relatassem o seu dia em forma de diário, o que nos possibilitou, após as análises das produções discursivas, compreender como os estudantes recuperam memórias discursivas em seus discursos para produzirem sentidos, inscrevendo-se como sujeitos da/na história. Nessa conjuntura também trabalhamos trechos do livro O Genocídio do negro brasileiro Processos de um racismo mascarado (NASCIMENTO, 1978), dando voz e visibilidade a autora feminina, negra e favelada. Para embasar nossas ações/reflexões, trabalhamos os conceitos de condições de produção, memória discursiva e interdiscurso da Análise do Discurso pecheutiana (PÊCHEUX, 1988, ORLANDI, 2012), bem como as considerações de Geraldi (2011) e Schneuwly e Dolz (2004) sobre o ensino de língua portuguesa. Consideramos os diários produzidos pelos estudantes como discurso, prática social, produzida por sujeitos inscritos numa conjuntura sócio histórica.