Em contraponto as ideologias educacionais tecnicistas que promovem uma proletarização do trabalho docente, Henry Giroux considera a prática pedagógica um trabalho no qual concebe a figura do professor como um intelectual. Sob esta linha de raciocínio, este artigo inserido no campo da História da Educação, visa apresentar a biografia de Chica Vieira, primeira professora negra da comunidade quilombola Boa Vista dos Negros, localizada na microrregião do Seridó/RN, compreendendo-a como uma intelectual. No estado do Rio Grande do Norte entre os anos 1950 e 1960 houveram investimentos na educação, intensificando a promoção de professores leigos. Francisca Benvinda Vieira Amaral, mais conhecida como Chica Vieira é um desses casos. Todavia, apesar de não ter acessado o âmbito universitário, sua atuação como docente, iniciada em 1954, contribuiu para a alfabetização de jovens, crianças e adultos em um contexto em que a educação em zonas rurais, sobretudo em quilombos, não tinha o alcance que tem na contemporaneidade. Para este trabalho utilizamos fontes orais, bibliográficas, acervos fotográficos e documentos oficiais de instituições, que foram analisadas através da heurística e da hermenêutica. Diante disto, temos como resultado que Chica Vieira, por meio do ofício de professora, configurou-se como uma intelectual que desempenhou um relevante papel no combate ao analfabetismo no quilombo da Boa Vista dos Negros.