O presente trabalho integra pesquisa mais ampla, desenvolvida ao nível do Doutorado em Educação Contemporânea, e conta com financiamento da Fundação de Amparo à Ciência e à Pesquisa em Pernambuco (FACEPE). Intenta refletir acerca das potencialidades educativas presentes nas manifestações da interseção arte-memória-cultura que singularizam o território do Sertão do Pajeú pernambucano, especialmente o Município de São José do Egito, considerado Berço Imortal da Poesia. Parte de um deambular reflexivo que permeia a discussão a respeito dos espaços de memória, embasada nos escritos de autoras(es) como Walter Benjamin, Aleida Assmann e Pierre Nora; dos processos criativos enquanto formativos, a partir de Fayga Ostrower, de Félix Guattari e de Gaston Bachelard; da Educação enquanto movimento, dinâmica situada nas experiências e na cultura, principalmente com base em Jorge Larrosa, Gilles Deleuze, Félix Guattari e Jaques Rancière. A investigação seguiu as pistas metodológicas próprias da cartografia deleuzo-guattariana, de modo associado à abordagem qualitativa e através da produção de dados que circulam entre o visual (fotografias) e o escrito (anotações em diário de campo). Os resultados apontam para a existência de dois movimentos socioculturais manifestos em São José do Egito que podem ser caracterizados como educativos, posto que atuam na formação de subjetividades e dos saberes cultivados no próprio território: um que permeia as instituições formais de Educação, mas que parte de dinâmica mais ampla ocorrida ao nível societal, com a inclusão da Disciplina de Poesia Popular nos currículos da Rede Municipal de Educação; e outro, ramificado, que produz intercâmbios entre monumentos que integram o espaço urbano, experiências de rememoração comunitárias e constituições identitárias através da poesia popular.