Sabemos que o direito à educação é um dos temas mais relevantes e atuais em nossa sociedade. Isso é atribuído principalmente ao papel crucial desempenhado pela educação na construção da cidadania, além de representar um fator essencial na redistribuição de renda e na transformação social. Historicamente, as pessoas com deficiência encontraram obstáculos ao acesso à educação, seja através de negações diretas ou restrições veladas. Hoje, após a promulgação da Constituição Federal Brasileira em 1988 e graças às ações empreendidas pelos movimentos sociais em prol das pessoas com deficiência, é perceptível o progresso em relação aos direitos fundamentais desse grupo, especialmente no que tange à educação. Entretanto, ao observar as pesquisas relativas ao direito à educação para essa população, nota-se uma tendência em fazê-lo a partir de uma perspectiva universal, muitas vezes desconsiderando a intersecção da deficiência com outros marcadores sociais da diferença. Tal abordagem pode resultar em outros cenários de exclusão para esses indivíduos, uma vez que “somos todos iguais" não há espaço para se pensar em desigualdades ou diferenças. Desconsiderar a diversidade no desenvolvimento de políticas educacionais pode ser um indicativo da presença de discriminação dentro do sistema educacional do Brasil, algo que deve ser superado. Desse modo, ao nos debruçarmos sobre essa temática, estamos criando um ambiente propício para uma discussão mais ampla, questionando a perspectiva dominante das pesquisas acadêmicas, reforçando a ideia de que as pesquisas sobre o direito à educação para pessoas com deficiência não podem ignorar a interseção com outros marcadores sociais, como raça, gênero, classe social, territorialidade, entre outros, tornando-se imperativo examinar de perto essas disparidades, contribuindo significativamente tanto para os estudos sobre a deficiência quanto para que se possa alcançar um progresso eficaz por meio das políticas educacionais objetivando que elas sejam verdadeiramente inclusivas.