Este trabalho tem o objetivo de apresentar os resultados de uma pesquisa exploratória de base empírica no campo aplicado dos estudos da linguagem sobre modos de participação, engajamento e desengajamento, de graduandos de Letras em disciplinas oferecidas remotamente durante a pandemia de 2020-21 na Universidade Estadual de Campinas. O recorte no período pandêmico se justifica pela expansão acelerada e, até certo ponto, improvisada da digitalização de materiais e práticas de ensino nesse período, frente à inesperada crise sanitária. Os instrumentos de pesquisa utilizados foram questionário online e entrevistas semi-estruturadas sobre condições e rotinas de estudo e aulas, dificuldades, prejuízos e ganhos, focalizando processos de letramento acadêmico-científico considerados cruciais para o desenvolvimento do curso de Letras no período compreendido pela pesquisa, ou seja, considerados cruciais para a formação de professores de língua materna para a escola básica. As 102 respostas e 22 entrevistas voluntárias, foram divididas entre alunos veteranos (ingressos antes de 2020) e ingressantes de 2020/21. Alguns resultados comuns aos dois grupos são dificuldades relacionadas às condições impostas pela pandemia, como ansiedade e distanciamento de colegas e professores; e com relação à organização das aulas na emergência do ensino remoto, a falta de concentração e de acessos a materiais. Como ganhos, a possibilidade de economizar tempo e recursos com transporte, moradia e alimentação, além da possibilidade de assistir aulas fora dos horários regulares e realizar outras atividades durante o tempo das aulas. As experiências, em geral, se dividem entre um grupo específico que se beneficia da flexibilidade do ensino remoto para graduar-se e outro que se distancia completamente da prática docente, inseguro e traumatizado após a pandemia.