A passividade em situações de leitura foi percebida na turma do Programa Se Liga, que tem oito alunos entre 9 e 12 anos, com atraso escolar e não alfabetizados. O grupo mostrou interesse em conhecer a realidade das pessoas com deficiência após uma aluna contar que a irmã não enxerga e não anda. A professora aproveitou para propor um projeto que valoriza os conhecimentos prévios dos estudantes e enfatiza a relevância da leitura de mundo no processo de alfabetização. Realizaram-se oficinas e contações de histórias sobre inclusão. A turma decidiu criar um livro para retratar as aprendizagens e sensibilizar a sociedade a olhar com empatia e respeito para as pessoas com deficiência. Decidiu-se que o livro teria uma protagonista negra. Foram realizadas rodas de diálogo com escritoras negras e profissionais que atuam na promoção igualdade racial, em conformidade com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, que preconiza que a escola precisa desfazer o pensamento racista promovendo a criticidade. Providenciou-se a versão em Braille do livro e esculturas das personagens, numa oficina de metarreciclagem, em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. O lançamento ocorreu junto à comunidade escolar. A avaliação ocorreu numa perspectiva formativa na qual os educandos perceberam-se protagonistas. O diário de bordo contribuiu com a autoavaliação docente e discente. O projeto foi vencedor na categoria Educação Científica na 25ª Ciência Jovem. Com os estudos os educandos puderam entender o porquê de uma representação negativa e limitada acerca das pessoas com deficiência, percebendo que pesquisa e leitura mudam o olhar sobre as coisas e a postura diante delas.