Este trabalho objetiva analisar a potencialidade da iniciação científica e tecnológica enquanto estratégia pedagógica e curricular transversal na Educação Básica brasileira. A discussão parte do pressuposto de que os avanços tecnológicos recentes, inseridos sob a lógica da era informacional, ocasionaram mudanças sociais significativas que influenciaram o desenvolvimento de novos paradigmas educacionais. Tais paradigmas compreendem um conjunto de perspectivas, práticas e aprendizagens que passaram a orientar o entendimento do campo educacional e que se evidencia por iniciativas tanto de caráter normativo, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e seu complemento em Computação, quanto pedagógico, como a profusão das Metodologias Ativas de Aprendizagem. Considerando esse cenário, o argumento central deste trabalho concebe que a iniciação científica e tecnológica é um instrumento didático-pedagógico de alta potencialidade, uma vez que (I) está em plena convergência com as principais tendências educacionais contemporâneas, (II) desestabiliza uma visão de ensino-aprendizagem cristalizada na ideia de transmissão passiva de conhecimento do professor para o aluno, e (III) promove, por seu turno, uma concepção educacional baseada na construção ativa do conhecimento e na formação de habilidades e competências por parte do estudante. O trabalho está estruturado da seguinte forma: a primeira seção conceitualiza a noção de novas abordagens educacionais, dialogando com a ideia de paradigma, na filosofia da ciência, em Thomas Kuhn. A segunda seção discute a potencialidade da iniciação científica na educação básica, com foco no Ensino Médio, como instrumento de fomento da autonomia discente e do pensamento crítico. A terceira seção ilustra possibilidades práticas no componente de Sociologia e sugere estratégias em Educação Tecnológica. Os dados permitem concluir que a existência de certas barreiras de natureza formativa e cultural age como um fator de resistência ao pleno desenvolvimento de uma educação efetiva e alinhada com as demandas do mundo contemporâneo.