O trabalho escrito relata a experiência de um dia de residência no campo educacional, com crianças do 1º ano do ensino fundamental (SESI Vila Leopoldina 414). O relato é feito sob a ótica de uma jovem de 18 anos, que perdeu o pai recentemente e que se mudou para São Paulo para estudar, sozinha, vivendo seu processo de cura. O campo acadêmico é repleto de idealizações, a residência é um momento de aprendizado, com acertos e erros, e também idealizado. Para os jovens, o mundo é pequeno demais, tudo pode ser desbravado, sonhos podem e devem ser realizados, a oportunidade de sair da casa dos pais para estudar e se descobrir é fascinante, mas entrar em sala de aula no papel de residente, com responsabilidades diferentes, logo após concluir o ensino médio e com anseio de mudar o mundo, transforma o jovem, de modo que ele passa a ser atravessado por vivências distintas do habitual. Sendo mulher, preta e pobre, não se trata apenas de um pedaço de papel ou apenas um diploma, trata-se de uma vida inteira, é possibilidade de ser e estar, de existir e vivenciar. O percurso de formação do estudante da área da educação passa a ser entendido como prática, não somente teoria. A residência constitui um processo formativo, um contato direto com os alunos, professores e a dinâmica tanto dentro das salas de aula quanto da escola em si. Ter a oportunidade de vivenciar tal experiência desde o início da formação capacita o futuro professor para a prática e para as adversidades ao longo da docência, fazendo-o compreender que a escola é um reflexo das relações sociais existentes e, consequentemente, um reflexo do ser humano com todas as suas complexidades.