O desenvolvimento da habilidade do pensamento computacional tem ganhado bastante destaque nos anos recentes e teve enorme impulso após a publicação, em 2022, do documento anexo à BNCC que organiza e orienta o ensino de Computação na Educação Básica. Há diversas pesquisas e trabalhos que evidenciam os benefícios para a aprendizagem da inserção do computador no ambiente escolar, ideia defendida há bastante tempo, entre outros autores, por Seymour Papert em seu livro Mindstorms. No entanto, a habilidade do pensamento computacional tem sido associada de forma restritiva ao uso de computadores e aprendizado de linguagens de programação ou então como uma habilidade a ser desenvolvida exclusivamente nas aulas de Matemática. Para além disso, o pensamento computacional, como afirma Jeanette Wing, é antes de tudo uma habilidade do intelecto humano, uma maneira lógica como os seres humanos são capazes de pensar, independe de artefatos, mas que pode certamente ser potencializada pelo uso de computadores e linguagens de programação. Embora seja facilmente associada ao trabalho de cientistas, programadores, trata-se de uma habilidade essencial para todas as pessoas em diferentes contextos da vida cotidiana. Partilhando dessa ideia introduzimos há algum tempo, em aulas de Física no Ensino Médio, sequências didáticas de apresentação das leis de Newton de forma que os estudantes pudessem construir um pensamento algorítmico para a sua aplicação com o objetivo de potencializar a capacidade de resolução de problemas típicos em Dinâmica. Um diagrama autoral traduz como o pensamento computacional é construído nessas aulas evidenciando que a terceira lei de Newton precede as outras duas, permitindo a identificação das forças e a compreensão de que a primeira e segunda leis são mutuamente excludentes e envolvem uma tomada decisão a partir do cálculo da resultante das forças. Os resultados dessa abordagem em sala de aula têm se mostrado bastante positivos.