Este trabalho versa sobre a relação entre discurso midiático e mudança social, destacando esta manifestação do discurso como uma entidade autônoma e descolada do pensamento do grupo a que serve. Analisamos como esse discurso torna-se um instrumento de controle invisível ao se internalizar nos indivíduos da sociedade em que atua, perpetuando determinada dominação na construção de uma egrégora, uma vibração coletiva de pensamento ou sentimento supostamente espontânea, sendo esta, na verdade, as ideologias dominantes. Temos que as relações de poder são refletidas e reproduzidas por meio do uso da linguagem nas estruturas discursivas, linguísticas e semióticas presentes na construção discursiva, de modo a estabelecer caminhos em direção a construções de valores, crenças e significações acerca de acontecimentos políticos. Nessa acepção, partimos do pressuposto que a mídia tradicional corresponde a um dispositivo de ampla influência ainda hoje, que é capaz de potencializar ideias e ações, e que os modos de distribuição, de recepção e de produção de seus discursos influenciam de tal maneira a sociedade que nos permite dizer que seu papel é significativo na construção de narrativas e na modificação de comportamentos. O objetivo central desta pesquisa corresponde ao exame do modo como a mídia tradicional tratou das manifestações políticas de 2013 e à identificação de seu papel nas mudanças políticas posteriores, em específico com a ascensão do discurso da extrema-direita. Nosso referencial teórico constitui-se pelas investigações no interior da Análise Crítica do Discurso (ACD), a partir de autores como van Dijk (2009) e Fairclough (2001), que se debruçam sobre as relações entre discurso, poder e mudança social.