Este trabalho é resultado da experiência do Estágio Curricular Supervisionado em Português IV, componente obrigatório da Licenciatura em Letras - Português da Universidade Federal de Pernambuco. O projeto foi voltado para o ensino da literatura afro-brasileira em uma turma de 1° ano do Ensino Médio na região Norte do Recife, com alunos oriundos de diferentes classes sociais e etnias. Nesse contexto, tomou-se como base a problemática de que durante muito tempo a supremacia da literatura canônica silenciou a voz negra na literatura, atribuindo-lhes conotações de cunho pejorativo e colocando-lhes em condição subalterna, para isso toma-se como premissa a crítica à dominação colonial e ao racismo proposto por Fanon. Aplicou-se a educação freireana com a valorização dos conhecimentos prévios dos alunos. Sob a proposta de reafirmação da identidade e cultura afro-brasileira, faz-se o uso da linguagem para abordar os desdobramentos da hegemonia e cultura consoante Stuart Hall. Para isso, deu-se o protagonismo à literatura de autoria negra, com o comprometimento de abarcar de maneira verossímil os costumes, desafios e enfrentamentos da população negra no Brasil. Para tal, utilizou-se como parâmetro de observação a questão da escravidão e as consequências da articulação dos capitais econômico, cultural, social e simbólico que confere a algunss grupos elevada posição na hierarquia social, consoante o habitus de Bourdieu. Além disso, faz-se uma análise de cunho reflexivo sob a luz da Teoria das Representações Sociais de Moscovici acerca das vivências constituídas no chão da escola e suas relações, considerando as complexidades que envolvem as relações étnico-raciais. A análise mostra que além de imprescindível, o trabalho com a literatura afro-brasileira deve ser realizado não apenas para a promoção da educação antirracista, mas sobretudo para a reafirmação da cultura, religião, identidades e a re(existência) do povo afro-brasileiro.